
A SERPENTE E O VAGALUME
A serpente símbolo da vaidade,
Desperta sua ira incontida, numa pequena luminosidade.
Cheia de inveja descomunal, é o que se presume,
Vendo uma noite, escura, clareada,
Por pequenos fachos iluminada, na beleza dos vôos ciclópicos de um vaga-lume.
Na desproporção de valores, o vaga-lume indaga a serpente:
– “Irmã, qual a razão de tanto desdém, que vejo de repente.
No seu semblante de ódio e traição?
Quer me destruir, me arruinar, me matar.
Se nada te fiz para lhe chatear ou te incomodar.
Toda sua mágoa contra mim é sem razão.
Não faço parte da sua cadeia alimentar.
Não falamos o mesmo idioma, nem mesmo sei sibilar.
Somos de outro espécime, só o destino me conduz.
Nada tenho de mal, ou perverso.
O meu prazer é iluminar o universo.
Espargindo sobre ele a minha pequena luz”.
Diante da afirmação incisiva,
Só resta à irmã serpente responder, decisiva:
-“Em toda noite escura, em todo logradouro.
Não aguento ver o teu brilho,
A tua claridade me leva ao delírio.
O que mais me incomoda, é a tua luz duradoura”.
“Você é a luz do mundo, o brilho da tua luz está incomodando alguém”?
Israel Henriques Vieira – 09/2012